A Troca

Paul Claudel é um autor que sempre me apaixonou pela sua poesia em teatro e no teatro pela sua poesia.

Troca, troca de almas, troca de corpos, troca de dinheiro, troca.

Ele escreve esta peça pela primeira vez que vai em trabalho à América. O seu embate com uma civilização totalmente diferente. Daqueles que fizeram a matança dos índios que vivem de uma coisa essencial que é o capital e que hoje é maioritariamente de armamento e de opressão aos negros e aos índios que continuam a viver em reservas. País difícil ainda hoje de compreendermos. Mas são os donos do MUNDO.

Quatro personagens que não são mais do que aquelas que habitam em qualquer ser humano.

Em que o Senhor – Thomas Pollock (TUDO) – não é mais do que o país América.

Uma actriz – Léchy Elbernon – quando representa ou está bêbeda nos transmite a sua verdadeira verdade.

Um jovem de 20 anos – Luís – descendente de índios, portador de uma liberdade selvagem inconsequente.

Marta, jovem com quase 25 anos, mulher de Luís, humilde, mas sem nunca perder o seu orgulho, sabe dizer NÃO. A palavra mais difícil de assumir, com a grande interioridade de Marta – MARIA.

Estas quatro personagens habitam em qualquer uma das outras personagens, em qualquer um de nós.

O estar com o outro, o estar consigo próprio, o silêncio, leva-nos a descobrir outras almas.

Não habitamos só com aquilo que pensamos que nos habita.

O percurso da aprendizagem é longo, mas bendita aprendizagem.

SURPREENDAM-SE!!!

João Mota, Julho 2023